Manifestantes LGBTQIA+ entregam carta de repúdio aos vereadores de Lençóis Paulista

Cerca de 50 manifestantes que se intitulam integrantes da Organização Popular de Lençóis Paulistas e militantes LGBTQIA+ foram até a Câmara de Vereadores de Lençóis Paulista nesta segunda-feira (05/07) para se posicionarem contra os discursos proferidos na semana passada pelos vereadores Dudu do Basquete (CIDA) e Mirna Justo (PSDB) que, segundo os manifestantes, foram discursos homofóbicos.

O presidente da Casa, Jucimário Cerqueira dos Santos (PODE), o Bibaia, conduziu a situação de forma positiva dando voz aos manifestantes e espaço para que os vereadores explicassem seus pontos de vista. Em seu discurso, deixou claro que cada vereador é responsável pelo faz e fala. “De sexta-feira até hoje eu estou resolvendo problemas e quero dizer que cada um que sair do trilho vai ter que se virar sozinho. Não posso levar culpa de vereador que vem aqui e fala o que quer. Eu sou presidente da Casa e não dos vereadores”, disse.

Por conta das restrições impostas pela pandemia, os manifestantes não puderam entrar no plenário, mas o psicólogo Rodrigo Caetano gravou um vídeo em que fez a leitura de uma carta de repúdio contra os discursos de Dudu e Mirna e também pelo silêncio dos demais vereadores. A carta impressa foi entregue aos 12 vereadores lençoenses.

No vídeo, o psicólogo deu uma aula da diferença entre homossexualidade e pedofilia e disse que a comunidade LGBTQIA+ de Lençóis Paulista quer ter direito a voz e que o grupo vai criar um conselho municipal para discutir políticas públicas aos seus integrantes.

Dudu do Basquete foi o primeiro a usar a palavra livre e disse que não é preconceituoso e nem homofóbico e para provar seu discurso falou que tem muitos amigos LGBTQIA+. Pediu desculpas por ter usado um termo inadequado e que agora aprendeu a forma correta. Na semana passada, ele usou a palavra ‘viado’ ao se referir aos homossexuais.

No geral, Dudu do Basquete pediu respeito à sua opinião e disse que ele tem ponto de vista diferente e, por isso, também exige que sua opinião seja respeitada, sem citar a ideologia de gênero, um dos pontos polêmicos do discurso anterior.

Depois foi a vez da vereadora Mirna Justo usar a palavra e dizer que respeita todo mundo, mas que também quer ser respeitada e que preza pela diversidade de opinião. “É uma questão de ponto vista. O psicólogo disse que entende que deve ser ensinado na escola e eu entendo que é a família que tem que ensinar. Vocês não falam que todos têm direito de falar e se posicionar?”, disse ao se referir a ideologia de gênero.

Todos os vereadores usaram a palavra livre de 5 minutos para se pronunciarem e em todos os discursos os vereadores se disseram contra qualquer tipo de preconceito.

O Professor Guto Xavier (MDB) comentou que atua na educação há 25 anos e que a sexualidade é trabalhada na escola porque a criança precisa aprender a se defender já que a maior parte dos crimes de pedofilia acontece dentro de casa. E que em Lençóis não acredita que profissionais atuem da forma como foi exposto no vídeo apresentado por Mirna Justo na sessão anterior. Guto disse ainda que a Comissão de Ética se reúne nos próximos dias para discutir o assunto.

Rômulo Pegolo (PP) reforçou que toda a discussão começou por conta do projeto que pretende instituir a “Semana de Conscientização e Combate à Pedofilia” em Lençóis Paulista e convidou todos os vereadores e a sociedade para proteger as crianças. Disse também que seus colegas vereadores apenas expressaram suas opiniões.

Em seu sexto mandato como vereador, Nardeli da Silva (DEM) citou o prefeito Anderson Prado de Lima como exemplo de discriminação por conta da sua orientação sexual e explicou que por conta do tempo, não foi possível nenhum vereador se manifestar na semana passada.

Esta foi a última sessão ordinária antes do recesso de julho. O vídeo completo da sessão está no link: http://www.camaralencois.sp.gov.br/paginas/portal/videos

Vereadores se posicionaram na sessão de ontem e se dizem sem preconceito contra os LBGTQIA+

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